Campanha do Grupo Gazeta estimula sociedade a denunciar corrupção
O Grupo Gazeta de Comunicação lança nesta terça-feira (25) a campanha ‘Delator Cidadão’, como forma de abrir espaço para que a população possa denunciar atos de corrupção, desde pequenas irregularidades, como estacionar em uma vaga para deficientes, até desvios de dinheiro público.
Rodinei Crescêncio Dorileo Leal destaca legitimidade do cidadão para denunciar |
“Inicialmente vamos trabalhar em 6 eixos, que são meio ambiente, educação, pavimentação, política, saúde e violência. A sociedade pode denunciar atitudes irregulares que prejudicam o direito do próximo”, explica o presidente do Grupo Gazeta, João Dorileo Leal.
Para o empresário, a campanha não vai mudar o cenário pelo qual o país passa atualmente em curto período, mas pode levar orientação para que, nos próximos anos, as pessoas estejam mais educadas quando o assunto é reivindicar seus direitos e não permitir que a corrupção chegue ao ponto que já chegou.
“Não vamos conseguir acabar com a corrupção sozinhos, mas creio que se cada um fizer a sua parte, se cada pessoa se encorajar a denunciar, as coisas podem melhorar. Não dá para acabar com tudo, mas não podemos esperar que tudo seja resolvido pela caneta do juiz ou pela denúncia do Ministério Público, ou pela confissão de quem já viveu nesse lamaçal. Mas essa é nossa contribuição, é um ato de cidadania. Por isso, convido você a ser um delator cidadão”, diz Dorileo.
Ele ressalta que a corrupção mata mais do que qualquer epidemia, visto que ao retirar dinheiro público da saúde, por exemplo, milhões de pessoas doentes ficam sem atendimento.
Segundo Dorileo, a campanha é uma maneira do cidadão apontar o dedo para o problema, exercendo a cidadania. O empresário ressalta que aprender a reconhecer a corrupção e não ser conivente a ela são atitudes que devem ser ensinadas às crianças para que ao longo da vida sejam exemplos de dignidade.
“Acredito que os pais, os professores, os responsáveis devem ensinar as crianças atitudes básicas, como não pegar o que não for dela, a respeitar os mais velhos, a respeitar as leis. Se um adulto dá um exemplo ruim, a criança vai entender que aquilo é o correto, quando não é”, explica. Para ele, a educação é o caminho mais curto para uma sociedade igualitária.
A campanha “Delator Cidadão” tem por objetivo encorajar a população a denunciar aos órgãos competentes e à imprensa atos irregulares, não importando qual a dimensão do problema. Se atingir somente uma pessoa, ou toda uma nação, atos de corrupção devem ser denunciados.
De acordo com o material da campanha, a corrupção também subtrai verbas da saúde, comprometendo diretamente o bem-estar dos cidadãos. Impede as pessoas de terem acesso ao tratamento de doenças que poderiam ser facilmente curadas, encurtando as suas vidas.
O desvio de recursos públicos condena a nação ao subdesenvolvimento econômico crônico.
Um dos motes da campanha é a ideia de que combate à desonestidade nas administrações públicas deve estar constantemente na pauta das pessoas que se preocupam com o desenvolvimento social e sonham com um país melhor para seus filhos e netos.
Busca ainda lembrar a sociedade que aqueles que compartilham da corrupção, ativa ou passivamente, e os que dela tiram algum tipo de proveito, devem ser responsabilizados. Não só em termos civis e criminais, mas também eticamente, pois os que a praticam de uma forma ou de outra fazem com que seja aceita como fato natural no dia-a-dia da vida pública e admitida como algo normal no cotidiano da sociedade.
Rodinei Crescêncio Para Antero, cada um deve fazer a sua parte |
Analistas ouvidos por A Gazeta são unânimes em dizer que em ambiente em que a corrupção predomine dificilmente prospera um projeto para beneficiar os cidadãos, pois suas ações se perdem e se diluem na desesperança. De nada adianta uma sociedade organizada ajudar na canalização de esforços e recursos para projetos sociais, culturais ou de desenvolvimento de uma cidade, se as autoridades municipais, responsáveis por esses projetos, se dedicam ao desvio do dinheiro público.
Após anos de abusos e impunidade, muitas comunidades se tornaram indiferentes e alheias ao processo orçamentário e os cidadãos foram tomados de um grande ceticismo em relação à possibilidade de punição de políticos desonestos. Por isso, para que a sociedade se mobilize contra a corrupção, é preciso que as pessoas sejam estimuladas e provocadas.
Rodinei Crescêncio Haroldo lembra momento de transformação |
Para o cientista político Haroldo Arruda, o país passa por um processo de transformação e a população deve estar atenta, denunciando atos de corrupção e acreditando em um futuro mais digno. “Acredito que o país todo, inclusive Mato Grosso, passa por uma transformação. Hoje nós vemos que a cadeia não é só lugar de pobre, mas de ricos e poderosos também. Então, tenho certeza que essa campanha vai incentivar o cidadão de bem, aquele que luta por Justiça, a denunciar irregularidades, a não ser conivente com falcatruas”, diz.
O ex-senador e jornalista Antero Paes de Barros destaca a importância da campanha e sugere que ela tenha um alcance nacional. “Essa campanha é mais do que necessária. Deveria ser nacionalizada. As pessoas deveriam tomar como exemplo. Cada empresário, cada trabalhador, cada um de nós temos que fazer nossa parte e precisamos denunciar as irregularidades. Não podemos nos calar”, ressalta.
O que diz o povo nas ruas
“É muito bom saber que podemos denunciar os problemas que a gente vive no dia a dia. Nós sabemos que estamos sendo lesados, mas não temos coragem de falar sobre isso”.
Marcos Neves, pedreiro, morador do bairro Pedra 90.
“A população tem medo de falar, mas se tivermos união, fica mais fácil apontar as irregularidades. Os políticos, que são quem deveriam nos ajudar, são os primeiros a nos roubar. Tem muita sujeirada e vem lá de cima”.
Fabiana Oliveira, professora, moradora de Pontes e Lacerda.
“Precisamos de mais respeito em várias áreas, inclusive no trânsito. Uma iniciativa como essa é de grande valia para toda a sociedade. É bom saber que alguém pode nos ajudar”.
Kawanny Vitória, estudante, moradora do CPA IV.
“Essa campanha é inovadora. Eu pelo menos nunca vi nada parecido com isso aqui em Mato Grosso. Não existe campanha para favorecer o povo. Vai ser muito bom para a sociedade”.
Marcos Vinícius, vendedor, morador do bairro Campo Verde, Cuiabá.
“Agora o povo vai poder se expressar. É com atitudes assim que podemos, juntos, lutar pelos nossos direitos”.
Polyana Oliveira, operadora de caixa, moradora do bairro Jardim Presidente.