Engenheira agrimensora fala da sua escolha profissional e dos desafios do mercado de trabalho em MT
A engenheira agrimensora, Neiva de Fátima Rosa Camargo, nasceu em Santa Mônica, noroeste Paranaense. Neiva veio para Mato Grosso em 1996, a convite de um amigo, também engenheiro, trabalhar na cidade de Diamantino, região médio norte do Estado. Desde então, reside no Estado e, apesar de “não ter comido cabeça de pacu” como ela mesmo brinca, por aqui permanece. Neiva formou-se em Campo Grande (MS), pelo Centro de Ensino Superior em 1994. A engenheira agrimensora fala um pouco sobre sua opção profissional e como vem atuando.
1) Por que escolheu o curso de engenharia de Agrimensura ?
A opção pela engenharia de agrimensura veio da época de colégio, pela afinidade com as disciplinas de cálculo. Quando fiz vestibular passei para engenharia eletrotécnica, mas a falta de identificação com a área fez com que eu trocasse de curso e, foi quando optei pela Engenharia de Agrimensura. A escolha foi porque sempre gostei da área agrária, pensava sempre em trabalhar em campo.
2) Que trabalhos podem ser desenvolvidos por um engenheiro de agrimensura?
O profissional com formação em agrimensura tem opção de atuação bastante ampla, além de levantamentos topográficos, pode atuar em barragens para usinas hidrelétricas; estudo, locação e levantamento de traçado para linhas de transmissão e de estradas; em locação para construção civil; regularização fundiária; georreferenciamento de imóveis rurais; construção de pontes; perícia rural judicial; loteamento rural e urbano; avaliação de imóveis e outros trabalhos que, a medida que vai se conhecendo o mercado e suas necessidades, procura-se atender, por exemplo, conhecimento e análise documental para eventual trabalho ou laudo para demandas judiciais.
3) Como foram as primeiras experiências depois de formada?
Faço trabalhos autônomos e já atuei em várias cidades do interior do Estado e, em Cuiabá. Durante as viagens já me deparei com algumas surpresas, descobertas e, claro, doses de aventura, como estradas cheias de lama, caminhos ermos e por aí vai.
4 ) Quais são os maiores desafios de sua atuação no mercado?
Difícil, sobretudo pelo preconceito de gênero. Na década de 90 e até hoje a mulher ainda precisa provar que é uma profissional competente, especialmente em algumas áreas de domínio masculino, como a engenharia de agrimensura. Tive que me desdobrar para ‘mostrar serviço’ e driblar a discriminação. Por conta disso, demorei um pouco mais para conseguir entrar no mercado de trabalho. Aos poucos, fui construindo minha trajetória, apesar do fantasma do machismo vez ou outra se fazer presente, infelizmente!
5 ) Como é trabalhar com a engenharia de agrimensura, que prepara as áreas urbanas e rurais para obras que vão modificar ou acrescentar uma infraestrutura hidráulica, sanitária, elétrica ou de transportes em Mato Grosso? Além disto, o Estado com 141 municípios, muitos em franco crescimento, tem trazido impactos positivos para a atuação na área da agrimensura?
O trabalho do engenheiro agrimensor é permeado de muito cuidado, tanto no seu estudo (projeto) como em sua execução e finalização, pois ele é a base para construções que pessoas irão utilizar, seja em pequenas como em grandes construções, tais como edificações, pontes, viadutos, estradas e aeroportos. Obras essas onde pessoas irão residir, transitar e, para tanto, o engenheiro deve se atentar para a segurança de todos. A minha opção de atuação na engenharia de agrimensura está mais voltada para a área rural, ou seja, a regularização fundiária, perícias, georreferenciamento rural e análise documental. A respeito de obras nos municípios de Mato Grosso, tem um plano diretor para seguir, uma expansão desenvolvida e ordenada. Os impactos são positivos com planejamento das cidades e obras, com pensamento a longo prazo.
7) A partir de sua experiência e conhecimentos adquiridos, que conselhos você daria aos profissionais que estão entrando no mercado de trabalho?
Daria um único e importante conselho: comprometimento. Esta é a palavra que qualquer profissional precisa levar muito a sério, tanto com o trabalho em si, como com o cliente. E mesmo que a carteira de atendimento esteja repleta de pessoas, há que se lembrar sempre que todos necessitam de atenção e respeito. Ninguém deve ser tratado como mais um e sim como o cliente, não importa quantos mais existam. Lamentavelmente, ainda vejo muito engenheiro que se furta de prestar informações, que não cumpre prazos e não dá satisfação e, que se recusa a atender um simples telefonema. Isto não deve acontecer nunca, pois uma carreira bem-sucedida é construída com responsabilidade, competência e comprometimento.