Notícia falsa na internet é mais fácil de rastrear que panfleto, diz professor de Direito Eleitoral
No cenário digital há uma falsa sensação de distância e anonimato, quando na verdade uma postagem anônima ou um perfil falso é mais fácil de ser rastreado no ciberespaço. A afirmação é do mestre e doutor em Direito do Estado pela PUC Universidade Católica de São Paulo e pela Fundação Getúlio Vargas, Diogo Rais, que pesquisa, há seis anos, a relação entre fake news e eleições. “É importante a conscientização de que a Internet é um ambiente coletivo e todos nós somos responsáveis pela sua construção”, disse nesta quinta-feira (01/03), durante o Fórum Nacional – Propaganda eleitoral nas mídias sociais, em Cuiabá.
“É importante perceber o papel de cada usuário na Internet e perceber que quando compartilhamos ou escrevemos algo somos nós que estamos fazendo e temos a mesma responsabilidade de quando falamos em qualquer outro lugar. Em matéria de ofensa, quem gera ofensa não é somente quem produz o conteúdo, mas também quem o propaga e difunde. Ela é concretizada a cada instante. A facilidade da comunicação a um clique maquia a ideia de que não temos a responsabilidade diante de tudo aquilo”, reforça o especialista.
Diogo explica que a utilização de fake news nas eleições é uma prática antiga, mas que tomou outras proporções na era tecnológica. “Os boatos sempre existiram nas eleições, em especial com o uso de panfletos. Porém, o que se tem, hoje, no cenário digital é que aumentou a quantidade desses boatos, bem como a velocidade com que se propagam e a área de abrangência, mas também aumentou os rastros que isso deixa. Os papeis muitas vezes não deixam rastros algum, mas na era digital, tudo o que fazemos deixa um rastro possível de identificação, por mais sofisticado que seja. Então, a punição virá para quem transgrida as normas”.
Para Diogo Rais, a melhor forma de combater as notícias falsas é investindo em educação digital. “Fake News ou notícias falsas não é uma forma, mas sim, um conteúdo que tem desdobramentos diferentes. Há conteúdos ofensivos e outros não. Acredito que a melhor prevenção consiste em investir em educação digital. A notícia falsa é uma espécie de desinformação, poluição e isso se combate com informação. Todos nós, que somos usuários das redes sociais, temos que assumir a responsabilidade sobre nossas manifestações. O maior desejo de uma eleição no Brasil é que ela seja representativa e participativa, então, nós devemos participar, mas o conteúdo dessa participação deve ser no campo das ideias e do planejamento. Quanto mais se participa da eleição, mais fortalecida fica a democracia. A participação em si não é problema, mas como se faz o uso dela. A participação irresponsável causa um dano coletivo. O usuário tem que perceber que ele é protagonista desse processo e que deve checar as informações antes de compartilhá-las”.
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