Brasil possui mais de 11 milhões de moradias inadequadas
Dados apresentados durante a abertura do Seminário “Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social”, realizado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (CAU/MT), na noite desta terça-feira (12), na sede da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), em Cuiabá, apontam que o déficit habitacional no Brasil, atualmente, é de 6,1 milhões, enquanto há 11,2 milhões de domicílios considerados inadequados.
Os desafios para praticar a arquitetura de interesse social, em âmbitos público e privado, e tentar equilibrar essa balança foram tratados na mesa redonda com a participação de especialistas que discutiram o tema.
Os dois palestrantes da noite reforçaram como fundamental o profissional sair da zona de conforto e pensar em projetos para atender a população de menor poder aquisitivo, que representa, hoje, em torno de 93% do mercado disponível. “Os profissionais disputam um setor mais favorecido economicamente, mas que representa apenas 7% do potencial de mercado”, revelou Fernando Amiky Assad, mestre em administração e fundador do Programa Vivenda, um negócio social que realiza reformas de baixa complexidade e alto impacto social, focado em promover a melhoria da qualidade de vida da população de baixa renda.
Assad apresentou a experiência realizada em favelas de São Paulo, no viés privado, pontuando as dificuldades enfrentadas para se construir uma metodologia que fosse capaz de atender essa população com efetividade e de maneira acessível.
Na outra ponta, Luiz Sarmento, arquiteto e urbanista da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB-DF), demonstrou como o poder público pode colocar em prática a Lei de Assistência Técnica, que entrou em vigor em 2009, mas ainda é pouca aplicada. “A principal questão é estar onde há necessidade. Onde está o público alvo das ações. Também é preciso muita dedicação e ousadia para vencer os entraves burocráticos”, pontuou.
A mediadora do debate, Juliana Demartini, doutora em mobilidade e habitação de interesse social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professora da Universidade Estadual de Mato Grosso, em Barra do Bugres, ressaltou o papel da universidade na formação de profissionais mais empreendedores. “A universidade precisar despertar os futuros profissionais para esse enorme mercado. E, aqui, tivemos experiências que demonstram ser totalmente possível esse exercício”.
Durante a participação do público, ficou evidenciada, mais uma vez, a importância da arquitetura de interesse social. “Alguém precisa começar a pensar nas pessoas menos favorecidas que ficam sempre sem atendimento seja pelo poder público seja pelo setor privado”, desabafou Walter Arruda, presidente da Federação Mato-grossense de Associações de Moradores de Bairros (Femab).
A lei nº 11.888 garante às famílias de baixa renda (que ganham até três salários mínimos) acesso público gratuito para projeto e construção de habitação de interesse social.
O Seminário “Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social”, continua nesta quarta-feira, às 19h, com 19h uma cerimônia em homenagem aos Conselheiros do CAU/MT, gestão 2015-2017, diplomação e posse dos Conselheiros eleitos para a gestão 2018-2020. E, encerrando o evento, haverá a palestra magna: arquitetura e urbanismo como instrumento de desenvolvimento social, ministrada por Luiz Eduardo Índio da Costa.
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